O público infantil, especialmente aqueles que estão a começar a ler, podem ter alguma dificuldade em compreender a mensagem que os livros infantis lhes querem transmitir. É nesse momento, que as ilustrações entram em jogo. A criança aumentará a sua capacidade de entendimento à medida que vá crescendo e adquirindo a capacidade da leitura, para elas, as ilustrações são um suporte fundamental que as fará melhorar e aprender.

As ilustrações que acompanham os livros infantis, não só ajudam a criança a conhecer os personagens envolvidos na história e a identificá-los rapidamente, como também permitem que as mesmas sigam o fio condutor da obra de forma visual, o que as faz navegar dentro do livro e a entendê-lo. Por esta razão, embora a compreensão de leitura do público infantil não seja muito alta, o apoio do texto através do uso de ilustrações facilitará a tarefa de entender qual a mensagem que o livro lhes envia. É aqui que reside a importância das ilustrações na hora de publicar livros infantis.

As iliustrações dão vida aos contos infantis e são um complemento indespensável para transmitir a mensagem de forma correta aos mais pequenos. O trabalho dos ilustradores tem um papel muito ativo no processo de edição de um conto infantil. Por tal, mostramos-te através do nosso ilustrador Iván Alfaro como se ilustra um conto e quais são os passos a seguir:

ÍNDICE DO ARTIGO

  1. Documentação e reunião com o/a autor/a
  2. Esboços e desenho das personagens
  3. Distribuição do texto e storyboard
  4. Ilustração de cenas e coloração
  5. Resumo e passos para ilustrar um conto
  6. Iván Alfaro, paixão pela ilustração
  7. Contacta-nos

Documentação e reunião com o/a autor/a

Nesta primeira fase o objetivo é conhecer mais de perto o tema e a história do conto a ser ilustrado, e para isso conto com a ajuda do/a autor/a do texto. Após ler o texto, tento reunir-me com o/a autor/a, caso não seja possível devido à distância geográfica, mantemos contacto por telefone ou Skype. Nesta reunião, a primeira coisa que fazemos é eleger o estilo visual geral do livro.

Ao longo da minha caarreira como ilustrador desenvolvi vários estilos diferentes no que diz respeito ao desenho dos personagens: Uns mais infantis, outros mais juvenis, sempre com níveis distintos de detalhe dependendo do público alvo. Peço à/ao autor/a que consulte o meu portefólio de ilustrações para que escolha o estilo que mais goste e que mais se ajuste ao projeto. Também peço referências pessoais que quer que se reflitam visualmente na ilustração. Por exemplo, no livro “Una dolça abraçada”, de Sarai Bertomeu, a autora pediu-me que a protagonista tivesse um aspeto concreto, especialmente no que diz respeito ao seu penteado, com coque e cabelo ondulado.

No livro “Busco acompañante para el día de Navidad“,Mariel, a sua autora, queria que a sua história decorre-se num bosque, com locais emblemáticos da povoação onde reside, como poços, pontes e quintas. Qualquer detalhe torna o livro um pouco mais pessoal, enchendo-o de essência e experiências próprias. Se for necessário, peço-lhes fotografias e imagens que sirvam de referência e que me ajudem a elaborar o desenho.

Gosto de chamar a atenção dos leitores jovens destes livros com personagens de caráter cómico, que transmitam ternura, e com formas grandes e definidas. Nas minhas ilustrações, a cor predomina sobre a linha. Gosto de combinar cores vivas, com alto contraste.

Esboços e desenho das personagens

Nesta fase começo pelo desenho das personagens principais, que são as mais importantes e as que mais darão vida à história. Depois de um estudo de vários desenhos, escolho o esboço que melhor transmita a essência do personagem e faço uma versão final a cores. Para tal, começo por escolher uma paleta de cores para o livro. O meu estilo é caracterizado por uma gama cromática brilhante e de cores vivas, na qual incluo uma variedade bastante ampla e contrastada de tonalidades.

De seguida desenho as personagens secundárias, em função do design geral do livro e das caraterísticas do desenho da personagem principal, em termos de anatomia e proporção.

Distribuição do texto e storyboard

Antes de começar a ilustrar o conto é necessário saber quais as partes chave e mais importantes da história, escolhe-las e complementá-las com a ilustração.

Antes de começar, também é fundamental distribuir o texto pelo número total de páginas que o livro vai ter. Assim saberemos a quantidade de espaço que dispomos para a ilustração.

Distribuição do texto no processo de ilustração

Uma vez que tenhamos o texto dividido, é hora de fazer o storyboard, um conjunto de ilustrações apresentadas sequencialmente com o objetivo de servir de guia para entender a história e planificar a estrutura do livro. O story consiste numa série de vinhetas que são ordenadas de acordo com a narração do texto. É assim que ajustamos de forma exata o número de ilustrações de que precisa o conto. Eu pessoalmente, gosto que as páginas de um livro ilustrado combinem e que se vaiam alternando entre primeiros planos e planos gerais, enriquecendo o livro e tornando-o mais variado visualmente.

Storyboard no processo de ilustração

Para a criação de cada cena gosto de adicionar uma visão complementar ao texto, com personalidade própria e novas nuances que não estão presentes na leitura. Acredito que deve conter a minha própria essência como ilustrador. Ao ler o texto, imagino a cena e as coisas que o texto não conta, e que enriquecem visualmente a leitura.

Nesta fase também elaboramos a ilustração+texto, e como ambos se relacionam entre si. Nalgumas ocasiões temos interesse em que o texto se interligue com a ilustração, e noutras simplesmente serve como um entrave em forma de parágrafo numa página junto à ilustração ou integrado dentro da mesma. No formato de álbum ilustrado, por exemplo, a ilustração assume um papel gigante, procurando uma combinação especial com o texto. No livro “Una dolça abraçada”, na página que mostra a criança protagonista com o seu avô, desenhei uma composição na qual um rastro de estrelas sai da lâmpada bordando o texto ao lado da ilustração.

Ilustração de cenas e coloração

Nesta fase do processo componho uma versão mais elaborada e detalhada das cenas esboçadas no storyboard e depois desponho-me a colorir de forma digital. Para começar, através do Photoshop ajusto o arquivo ao formato mais adequado para impressão, no tamanho do livro + margem de sangramento e a 300 dpi. Trabalho no formato de cores RGB, o mais adequado para telas. Introduzo o esboço que fiz a lápis e a partir daí começo a desenhar e a pintar todas as formas, utilizando as cores que escolhi previamente ao criar a paleta de cores.

A paleta de cores na ilustração de um conto

Agrupos os elementos em pastas com camadas separadas para facilitar a edição da imagem.

No Photoshop utilizo pincéis e técnicas de pintura semelhantes às técnicas tradicionais como a aguarela ou o guache e utilizo imagens digitalizadas de vários papéis sobrepostos em diferentes fusões, que concedem à imagem final um aspeto com textura papel.

Quando tenho as ilustrações finais, converto-as para o modo de cor CMYK, o mais adequado para impressão, e envio-as para a posterior maquetação do livro.

Resumo e passos para ilustrar um conto

Como ilustrar um conto infantil

Documentação e reunião com autor ou autora

o objetivo é conhecer mais de perto o tema e a história do conto a ser ilustrado, e para isso conto com a ajuda do/a autor/a do texto. Nesta reunião, a primeira coisa que fazemos é eleger o estilo visual geral do livro.

Fazer a distribuição de texto

É necessário saber quais as partes chave e mais importantes da história, escolhe-las e complementá-las com a ilustração. Também é fundamental distribuir o texto pelo número total de páginas que o livro vai ter.

Fazer o storyboard

Equivale a criar um conjunto de ilustrações apresentadas sequencialmente com o objetivo de servirem de guia para entender a história e planificar a estrutura do livro. O story consiste numa série de vinhetas que são ordenadas de acordo com a narração do texto.

Ilustração de cenas e coloração

Nesta fase do processo componho uma versão mais elaborada e detalhada das cenas esboçadas no storyboard e depois desponho-me a colorir de forma digital. Para começar, através do Photoshop ajusto o arquivo ao formato mais adequado para impressão, no tamanho do livro + margem de sangramento e a 300 dpi.

Entrega do trabalho para maquetação

Quando tenho as ilustrações finais, converto-as para o modo de cor CMYK, o mais adequado para impressão, e envio-as para a posterior maquetação do livro.

Iván Alfaro, paixão pela ilustração

Iván nasceu em Valência e desde criança que se rendeu ao mundo dos contos e da fantasia, começando por desenhar os seus próprios livros. Desde então dá vida aos personagens que falam do seu universo mágico, construindo assim uma ponte entre a sua infância e a dos amantes dos contos de fadas. Conhece um pouco mais sobre um dos ilustradores da BABIDI-BÚ.

Como começas-te no mundo da ilustração de livros infantis?

Há alguns anos desenhei um portefólio que enviei a várias editoras que gostava e com as quais queria trabalhar naquele momento. Recebi respostas de alguns, mas sem nenhuma proposta de trabalho. Continuei com o meu trabalho como designer gráfico em publicidade, e pouco tempo depois uma agência de ilustradores da Austrália interessou-se pelo meu trabalho e foi com eles que publiquei o meu primeiro conto, “Little Bulldozer”, do qual já ilustrei duas sequelas. Depois aproveitei o facto de estar a terminar o meu trabalho em publicidade para procurar novas oportunidades no mundo da ilustração infantil e recebi propostas para ilustrar livros novos de outras editoras, entre elas a BABIDI-BÚ.

Como definirias o teu estilo artístico a ilustrar?

Gosto de criar ilustrações evocativas que transportem o leitor para um mundo de sonhos. Acredito que as minhas ilustrações transmitem ternura e magia, inspiradas no mundo da fantasia. Combino cores vivas, com alto contraste, e nalgumas ocasiões reduzo a paleta cromática para proporcionar um ar mais nostálgico. Dou uso às texturas e contrastes de luz, que dotam as cenas com expressividade e profundidade. Noutras ilustrações, mostro um personagem mais cômico e divertido, com bonecos e muitas cores brilhantes.

Como é a experiência de ilustrar contos infantis na BABIDI-BÚ?

Ilustrar livros para a Babidi-bú é uma experiência enriquecedora. Pude trabalhar em conjunto com os autores, e participar no processo que torna real a ilusão que tinham em publicar as suas histórias, algo que me deixa muito feliz. Além disso, a editora produz livros de alta qualidade, com acabamentos atraentes, que chamam à atenção dos pequenos e grandes leitores.

Qual é o teu maior sonho enquanto profissional de ilustração infantil que ainda não realizas-te?

Ainda tenho muitos sonhos por realizar! O meu maior sonho é continuar a trabalhar nisto a vida toda, chegar a velhinho e ainda estar a ilustrar livros infantis. Também adorava ilustrar algum clássico da literatura infantil e juvenil, visto que tenho muitas memórias de infância com grandes personagens, e por isso gostava de dar-lhes vida

com o meu próprio estilo.

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